A investigação sobre a morte da brasileira Juliana Marins, que caiu de uma trilha ao escalar o Monte Rinjani, em Lombok, na Indonésia, ganhou novos contornos nesta sexta-feira (27/6) após a divulgação oficial do laudo da autópsia. O médico-legista Ida Bagus Putu Alit, do Hospital Bali Mandara, contradisse publicamente a versão da agência de buscas Basarnas sobre a data do óbito da influenciadora.
Segundo Alit, a morte de Juliana teria ocorrido entre 1h e 13h de quarta-feira (25/6), com base na análise das condições do corpo. A estimativa, no entanto, vai de encontro ao que foi dito pela própria Basarnas e pela família, que anunciaram a morte na noite de terça (24/6). A inconsistência, além de gerar confusão, coloca em dúvida quando, de fato, Juliana morreu e por quanto tempo ela pode ter sobrevivido após o acidente.
“Estimamos que a morte ocorreu de 12 a 24 horas antes da chegada ao hospital [em Mataram]”, disse Alit. “De acordo com meus cálculos, a vítima morreu na quarta-feira, entre 1h e 13h (horário local)”, completou em entrevista à BBC.
Morte por trauma, não por frio ou fome
O laudo aponta que a brasileira morreu por traumas múltiplos e sangramento interno intenso, resultado de uma queda violenta que causou lesões extensas, inclusive em órgãos vitais. A hipótese de morte por hipotermia foi descartada.
“O que causou a morte diretamente foi o dano interno, o sangramento intenso. Foi isso que documentamos”, explicou o legista. “Não há indícios de hipotermia. Esse tipo de morte exige mais tempo de exposição, e não foram observadas lesões típicas como nas extremidades”, acrescentou.
As lesões mais severas, segundo ele, estavam nas costas, embora Juliana também apresentasse ferimentos na cabeça. A morte, de acordo com o perito, teria ocorrido em até 20 minutos após o impacto fatal.
Contradições e dúvidas permanecem
A cronologia dos acontecimentos levanta ainda mais dúvidas. Juliana foi vista com vida por um drone de montanhistas espanhóis no sábado (21), após a queda inicial. Já na segunda-feira (23), ela foi localizada novamente por drones oficiais, mas estava imóvel. O corpo, no entanto, só foi retirado do local na quarta (25).
Um ponto ainda sem resposta é se Juliana caiu mais de uma vez — ela foi vista em três profundidades diferentes: 200, 400 e depois 600 metros abaixo da trilha, sendo essa última a posição em que seu corpo foi resgatado.
“Os indícios mostram que a morte foi quase imediata. Não há sinais de que ela tenha sobrevivido por muito tempo após a queda final”, declarou o legista.