A médica Roberta Saretta, que acompanhou Preta Gil durante seu tratamento contra o câncer, revelou momentos emocionantes e dolorosos vividos ao lado da cantora, incluindo a pergunta direta da artista sobre seu tempo de vida.
Em entrevista ao O Globo, Saretta contou que estava nos Estados Unidos com Preta, onde ela realizava um tratamento experimental após o avanço da doença. O momento mais difícil, segundo a médica, ocorreu em março deste ano, ao dar a notícia de que o câncer havia se espalhado para outros órgãos, como fígado e pulmões.
“Fui na capela do Sírio pedir forças. Quando entrei para falar com ela, o quarto estava cheio de amigos, como sempre. Perguntei se ela queria conversar a sós. Pela primeira vez, ela pediu para todos saírem”, relatou.
Ao receber o diagnóstico, Preta foi direta: “Se eu não fizer nada, quanto tempo tenho de vida?”. A resposta foi dura: “De seis a oito meses”. A partir daí, optou-se por tentar protocolos experimentais nos Estados Unidos.
O tratamento experimental
Segundo Saretta, Preta passou por uma terapia alvo intravenosa voltada para uma mutação específica do tumor. No entanto, a artista tinha mais de uma mutação, e, após quatro sessões, uma infecção obrigou a suspensão temporária do protocolo. Mais tarde, a fragilidade dos rins e o avanço da doença levaram à interrupção definitiva do tratamento.
A viagem de volta
Diante da piora, Roberta viajou para os EUA para trazer Preta de volta ao Brasil em um avião com UTI. “Quando me aproximei, ela arregalou os olhos e eu falei: ‘Vamos para casa’”, disse a médica.
No entanto, durante o trajeto até o aeroporto, embora apresentasse sinais vitais estáveis, a cantora começou a passar mal. “Repetia que estávamos quase lá. Perguntei se ela dava conta de viajar e ouvi: ‘Não dou conta’”, lembrou.
A ambulância seguiu para o hospital mais próximo, mas, poucos minutos depois, Preta Gil não resistiu.