DESCUBRA!

Caso Isabel Veloso: O que diz a medicina sobre gravidez com câncer terminal?

Influenciadora que está em cuidados paliativos, após batalhar contra um linfoma de Hodgkin, anunciou que está grávida do primeiro filho

Hanna Carvalho
Repórter do EM OFF

Isabel Veloso, que ganhou notoriedade por sua luta contra um câncer terminal, ganhou a atenção do público novamente após anunciar no último final de semana que está grávida de seu primeiro filho. A jovem de 18 anos afirma estar em seus últimos meses de vida, sob cuidados paliativos, após batalhar contra um linfoma de Hodgkin, um tumor que atinge o sistema linfático.

De imediato, a notícia causou espanto e gerou dúvidas nas redes sociais. É possível engravidar mesmo tendo um câncer? Quais os riscos da gravidez durante um câncer? Quais os cuidados a se tomar caso você passe por uma situação parecida? A seguir, solucionamos os principais questionamentos em relação ao tema.

É possível engravidar tendo câncer?

A gravidez durante uma neoplasia é contraindicado por médicos. No entanto, é possível sim engravidar enquanto se enfrenta um câncer. Embora a gestação após o diagnóstico de câncer não seja uma situação tão comum, o oposto pode ocorrer com mais frequência: receber a notícia durante uma gravidez que já havia começado.

Em um caso como esse, a análise deve ser feita pela equipe médica, considerando o momento da gravidez em que o câncer foi descoberto, o estágio do tumor, e os riscos para gestante e feto. Especialmente no primeiro trimestre de gestação, abordagens como quimioterapia e radioterapia normalmente não são empregadas, devido aos riscos à criança.

Isabel Veloso está atravessando uma fase de cuidados paliativos, então não necessariamente envolveria tratamentos potencialmente danosos ao feto, o que ajudaria a possibilitar a gestação. A viabilidade da gravidez, no entanto, deve ser avaliada caso a caso. Dependendo do tipo e estágio da doença, a gestante pode ficar muito debilitada para levar a gravidez a termo ou, por outro lado, não dispor de tempo suficiente para adiar uma abordagem mais agressiva de tratamento, colocando as duas vidas em risco.

Posso engravidar depois de tratar um câncer?

Sim. É possível engravidar após muitos tipos de câncer, exceto em casos que afetam diretamente a capacidade da gestação, como, por exemplo, quando o útero é removido. Em geral, a recomendação médica é esperar alguns anos após o tratamento, já que o risco de recidiva costuma ser mais elevado nos primeiros dois a cinco anos, dependendo do tipo de tumor e da parte do corpo afetada.

No entanto, é preciso atenção ao fato de que alguns tratamentos contra o câncer podem afetar seriamente a fertilidade. Caso você receba um diagnóstico de câncer e ainda deseje engravidar no futuro, é importante discutir com o médico sobre isso para conhecer as opções. Alguns procedimentos, como o congelamento de óvulos e a reprodução assistida, podem preservar as chances de viabilizar uma gestação mesmo depois de uma químio ou radioterapia.

Riscos durante a gravidez

A gravidez durante o tratamento oncológico pode, por um lado, colocar em risco a saúde da mãe e do filho. Por outro, reduzir a fertilidade da mulher – no caso de dano ocasionado aos ovários por alguns regimes de quimioterapia. Existem também riscos associados ao tratamento oncológico que devem ser considerados em uma eventual gestação após o câncer.

Eles podem trazer consequências para a mãe e para o bebê. Entre esses riscos estão: abortamento, parto prematuro, restrições ao crescimento do feto e anormalidades no desenvolvimento da placenta (com possíveis complicações pós-parto) em mulheres que foram submetidas a tratamento de radioterapia pélvica.

Já mulheres que realizaram quimioterapia com agentes antracíclicos correm o risco de apresentar problemas cardiovasculares, que podem se agravar durante uma gestação. Isso ocorre porque o coração trabalha com uma maior demanda na gravidez.

Quimioterapia grávida: pode?

Não é o caso de Isabel Veloso, mas em grande parte dos casos, a gestação não precisa ser interrompida para realizar o procedimento, conforme aponta Debora Gagliatto, oncologista clínica da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

“Não é indicado realizar nenhum tipo de quimio no início da gestação, porque o feto ainda é muito pequeno e está se desenvolvendo. Mas a partir do segundo e terceiro trimestres já se pode fazer, aliada a outros tratamentos, como cirurgia, por exemplo. Por mais que assuste, é importante dizer que o tratamento quimioterápico após esse período não tem risco de causar malformações, nem problemas de cognição pro bebê.”

A radioterapia e a hormonioterapia, por sua vez, não são indicados, por conta dos riscos ao bebê. Muitos médicos, às vezes até por falta de informação, querem induzir o parto antes da hora a fim de poupar o bebê. “Não é necessário se não houver riscos para a mãe e para a criança. Ela pode nascer no tempo dela. Com uma equipe multidisciplinar, não há problema”, explica a médica.

Sair da versão mobile