Parece que o SBT está enfrentando uma grande transformação em sua programação, especialmente no gênero de novelas infantis. Com a queda na audiência e a crescente concorrência dos serviços de streaming, a emissora está se adaptando e buscando novos caminhos. A decisão de buscar uma novela mais adulta, mas ainda com um apelo familiar, reflete a mudança no comportamento do público, que está se afastando das novelas direcionadas a um público infantil e pré-adolescente.
A mudança na fórmula de novelas parece ser uma resposta à saturação do formato, além da necessidade de engajar um público mais amplo. A adaptação para algo que converse com o público familiar, mas ainda com elementos que atraiam o público jovem, parece ser o caminho que o SBT quer seguir. Isso pode indicar uma tendência de dar mais espaço para tramas que tratem de temas mais universais, mas mantendo uma narrativa envolvente para todas as idades.
Com as últimas novelas não alcançando os resultados financeiros esperados, a expectativa é que essa nova abordagem ajude a redefinir a programação da emissora e trazer de volta um público fiel, em um cenário de mídia cada vez mais fragmentada.
Os números realmente destacam o declínio significativo na audiência das novelas infantis do SBT ao longo dos últimos anos, especialmente após o impacto da pandemia e a ascensão dos serviços de streaming. O fenômeno é um reflexo claro de uma mudança no consumo de mídia, onde o público jovem e infantil tem mais opções de entretenimento, tanto na TV quanto online.
Analisando os números:
- Novelas de maior sucesso (2012-2020): Durante esse período, com novelas como “Carrossel”, “Chiquititas”, e “As Aventuras de Poliana”, o SBT conseguiu atingir médias de audiência significativas, com números entre 10 a 12 pontos. Esse sucesso era, em grande parte, impulsionado pela falta de uma concorrência direta tão forte na TV aberta e o apelo das tramas para as famílias e crianças.
- Declínio pós-pandemia: A queda de 50% em “Poliana Moça” (2022), comparada a “Carrossel” (2012), já é um sinal claro do impacto da pandemia, da ascensão do streaming e da saturação do gênero. Se antes o SBT dominava o horário com essas novelas, agora a competição com plataformas como Youtube, Netflix, e outras, que oferecem conteúdo diversificado e de qualidade, reduziu a audiência da emissora, além de ter mudado os hábitos de consumo.
- Números atuais: O caso de “A Caverna Encantada” (2024), com uma média de apenas 3,9 pontos, é um reflexo da estagnação do formato de novelas infantis. A baixa audiência sugere que o público já não responde mais da mesma forma a histórias voltadas exclusivamente para esse público.
Fatores que influenciam o declínio:
- Mudança no consumo de conteúdo: O público jovem e infantil está cada vez mais migrando para o streaming, onde pode assistir ao que quiser, quando quiser. Isso tem afastado os telespectadores das novelas tradicionais, especialmente aquelas voltadas para um público mais restrito.
- Saturação do formato: O formato de novelas infantis se desgastou ao longo dos anos. A falta de novidades nas tramas e a repetição de temáticas podem ter contribuído para esse desgaste. Além disso, a concorrência com plataformas digitais, que produzem conteúdo focado nesse público de forma mais ágil e atualizada, tornou o modelo tradicional mais difícil de sustentar.
- Concorrência mais forte: O SBT não só tem que lidar com a crescente força do streaming, mas também com a concorrência de outras emissoras de TV aberta que estão investindo em conteúdos focado no público adulto para atrair a atenção desse público, além das plataformas de streaming.
Diante desse cenário, a mudança de foco para um formato mais “familiar” e até um pouco mais adulto parece ser a única alternativa viável para que o SBT consiga se manter relevante, especialmente no horário nobre. Embora a emissora ainda mantenha um apelo para o público infantil, a nova abordagem para uma novela mais ampla pode ser um acerto ao buscar atrair uma audiência diversificada.
A ideia de integrar um enredo mais voltado para a família, mas ainda com elementos que ressoem com os mais jovens, pode ser uma boa forma de reconectar com os telespectadores, especialmente se conseguirem inovar nas tramas e não se limitarem aos mesmos clichês.