Liberação

Após matar adolescente, Bruno Krupp é solto

Defesa do modelo conseguiu um habeas corpus após quase oito meses de prisão

Fábia Oliveira
Colunista do EM OFF

Bruno Krupp, preso há oito meses por atropelar e matar um adolescente de 16 anos, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, em agosto do ano passado, vai deixar a prisão nesta quarta-feira (29). A defesa do modelo conseguiu, junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), um habeas corpus e vai aguardar o julgamento em liberdade.

Segundo o portal ‘G1’, em sua decisão, o ministro Rogerio Schietti Cruz acolheu a alegação dos representantes de Bruno de que ele estaria sofrendo coação ilegal pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que não teria dado a devida atenção aos pedidos de soltura do réu. Além disso, os advogados afirmam que o regional não levou em conta que o cliente deixou de ser réu em outro processo, no qual era acusado de estelionato.

No pedido de soltura, a defesa de Bruno Krupp afirmou que ele é réu primário, tem bons antecedentes e já está preso há quase oito meses. Apesar de deixar a cadeia, o juiz afirmou que o processo continua seguindo seu curso normalmente. Em novembro do ano passado, durante audiência de instrução do caso, o réu assumiu que estava dirigindo a mais de 100Km/h na hora que atingiu a vítima.

Para sair da penitenciária, Bruno terá que cumprir algumas medidas determinadas pelo magistrado, como entregar seu passaporte; comparecer mensalmente em juízo; ter seu direito de dirigir suspenso; e colocar tornozeleira eletrônica. Além disso, o modelo está proibido de tentar obter permissão ou habilitação para dirigir. Caso não cumpra as decisões judiciais, ele poderá ser preso novamente.

A prisão

Bruno Fernandes Moreira Krupp, conhecido como Bruno Krupp, foi preso no dia 3 de agosto do ano passado, após virar alvo de um mandado de prisão expedido pela Justiça, pela morte do adolescente João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos. O modelo foi encontrado pelos agentes da 16ª DP da Barra da Tijuca no Hospital Marcos Moraes, no Méier, na Zona Norte do Rio.

Krupp passou a ser investigado por homicídio com dolo eventual por ter assumido o risco de matar ao pilotar uma moto acima da velocidade permitida sem habilitação. Em sua decisão, a juíza Maria Isabel Pena Pieranti, do plantão judicial do Tribunal de Justiça do Rio, ressalta que a liberdade dele comprometeria a ordem pública.

“Sua constrição imprescindível para evitar o cometimento de crimes de idêntica natureza, podendo-se dizer que a medida visa também resguardar a sociedade de condutas que ele possa vir a praticar”. A decisão também cita a recente abordagem da Lei Seca a Bruno Krupp, que aconteceu há três dias, mas que acabou não surtindo qualquer efeito.

O pedido de prisão de Bruno Krupp foi feito pelo delegado Aloysio Berardo Falcão de Paula Lopes, adjunto da 16ª DP, baseado no Relatório de Vida Pregressa do modelo, que aponta outras passagens pela polícia por estupro e estelionato. “Razão pela qual se faz necessária sua segregação cautelar, por meio de expedição de mando de prisão preventiva, visando garantir a ordem”, alegou o delegado.

Inicialmente Bruno Krupp era investigado por lesão corporal culposa provocada por atropelamento e falta de habilitação e proibição de dirigir veículo automotor. Mas a investigação mudou de rumo após a morte do adolescente, que não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Municipal Lourenço Jorge. O modelo então passou a responder por homicídio com dolo eventual.

Antes de encontrá-lo no hospital, ps policiais da 16ª DP da Barra da Tijuca, que investigam o caso, já tinham ido à cobertura onde o modelo mora, na Avenida Lúcio Costa, em frente à Praia da Barra, mas não o encontraram no local.

Bruno Krupp sofreu apenas escoriações e teve alta do Hospital Municipal Lourenço Jorge, também na Barra, no mesmo dia. Enquanto ele era liberado, João Gabriel passava por uma delicada cirurgia, mas o jovem acabou não resistindo aos graves ferimentos. Ele teve a perna esquerda amputada em decorrência do atropelamento. O impacto da colisão fez a perna da vítima parar a metros de distância de seu corpo.

No pedido de prisão expedido pela Justiça, o juízo diz que Krupp pilotava uma moto Yamaha (ano 2021/2022), sem placa, e com velocidade superior a 150km/h, numa via em que o limite máximo de velocidade é de 60km/h. Além disso, chama atenção para o fato de que o ele estava sem carteira de habilitação, mesmo após ter sido pego em uma blitz da Lei Seca três dias antes do acidente.

“Não foi o bastante que tivesse sido parado pelos agentes da Lei Seca. Ser pego na situação já descrita não teve qualquer efeito didático. Ao contrário, adotou conduta mais ainda letal, acabando por tirar a vida de um jovem que estava acompanhado de sua mãe, ressaltando-se que BRUNO não é um novato nas sendas do crime”, destacou a juíza Maria Izabel Pena Pieranti.

Segundo o policial militar que atendeu a ocorrência do atropelamento, a perna da vítima foi parar a cerca de 50 metros do local do acidente, em um gramado que fica entre o calçadão e a areia da praia. Imagens do acidente começaram a circular nas redes sociais e mostram a perna do adolescente dentro de um balde com gelo. O objetivo era preservar o membro da vítima na temperatura fria para caso houvesse a possibilidade de costurá-lo de volta ao corpo em cirurgia.

Sair da versão mobile