Exclusivo‘Estou no hospital, sem assistência’, afirma motociclista atropelada por Lima Duarte

Vítima contou que ainda não conseguiu ser operada e precisa de ajuda financeira

Fábia Oliveira
Colunista do EM OFF

Cinco ossos da bacia quebrados, muitos ralados e um tempo indefinido sem poder trabalhar. Esses são alguns dos prejuízos que Simone Regina de Abreu Nunes, de 37 anos, teve ao ser atropelada por Lima Duarte, na última quarta-feira (01). Ainda internada à espera de cirurgia, sem definição de data, a motociclista conversou com a coluna e desabafou sobre suas preocupações com o que vai acontecer daqui pra frente, já que não tem carteira assinada e tem dois filhos. A motogirl deu detalhes do acidente e da reação do ator.

“Eu tava na Avenida Antártica, antes de atravessar a ponte, logo quando sai da Marquês de São Vicente. Eu tava vindo na faixa direita, sem ser a do corredor de ônibus, não tinha nenhum carro na minha frente, não tinha trânsito no horário, eu tava vindo de boa. Antes de eu atravessar a ponte, eu ouvi o pessoal do ponto gritando: ‘Não moço, não’. Quando eu olhei pro meu lado esquerdo, tinha um carro me ultrapassando numa velocidade bem maior do que a que eu estava com a moto. Mas ele me ultrapassou raspando em mim, me levando junto. Ele não estava no espaço suficiente pra passar do meu lado”, começou Simone.

E continuou: “Então, eu olhei o carro já estava pegando no meu braço, na minha moto, me atropelando mesmo. O guidão da minha moto prendeu no retrovisor desse carro e a minha moto foi jogada pro chão. Eu rodei umas três vezes no chão com a moto, depois a moto escorregou, eu fiquei. E quando eu olhei, lá na frente, o carro tinha estacionado, parou e era o ator Lima Duarte. Ele veio, falou pra que eu ficasse, chegaram os cara da CET, Polícia Militar, eu fiquei esperando resgate”.

A motociclista reclamou, ainda, que Lima Duarte tentou colocar a culpa nela: “Só que, assim, eu falei: ‘Nossa, moço, por que que você fez isso?’. Eu tava com muita dor. E ele falou assim: ‘Você que pôs a moto na minha frente’. Ele quis jogar a culpa do atropelamento em mim, como se eu tivesse jogado a moto na frente do carro dele. Sendo que não tem lógica, eu tava bem na frente dele e ele veio com a velocidade bem superior à minha, me alcançou e passou do meu lado, me levando junto. Eu nem vi, ele veio por trás de mim”.

Logo depois, Simone contou que Lima tentou sair do local do acidente: “Ele queria ir embora, os policiais não deixaram porque falaram que eu estava no BO, que ele teria que ir até a delegacia. Ele foi e deixou um recado com os policiais pro meu filho, que foi até a delegacia porque eu fui hospitalizada. Ele falou pros policiais que ia pagar os danos da moto, pra não ficar preocupado. Mas ele não quis saber se tinha hospital, se eu tinha um convênio, se eu precisava de alguma assistência, se meus filhos iam ter algum apoio. Afinal de contas, eu sou o chefe da casa”, declarou ela, que tem um filho de 20 anos e uma menina de 11.

Durante a conversa, Simone desabafou: “Estou aqui no hospital, sem assistência. Estou aqui na Santa Casa, internada. Até agora eu não tenho nenhuma resposta quando eu vou operar e qual seria o tipo de operação. Pra você ter ideia, eles fizeram um laudo meu na quarta-feira, que foi o dia do acidente, com ressonância magnética e tudo, mostrando todas as lesões que eu tive. E, até agora, o médico responsável pela cirurgia não se deu ao trabalho nem de olhar esse laudo. Lá na enfermagem consta que o médico responsável pela cirurgia ainda não olhou o meu laudo e está em espera”, disse, antes de completar:

“Eu quebrei cinco ossos da bacia, do meu lado esquerdo, com o fêmur. Não sei se o fêmur quebrou ou foi o encaixe da bacia no fêmur. Eu sei que foram cinco ossos. Eu queria um apoio dele, né, pra agilizar essa minha operação. Eu vou ficar jogada aqui até quando, quantos meses vou ficar jogada aqui? Eu trabalho por conta, não tenho marido, eu sou chefe da minha casa. Cada dia que eu fico aqui, eu não tô ganhando dinheiro. Cada dia que eu fico aqui, eu não consigo pagar minha água, a minha luz, a minha vida está parada. Eu trabalho com a moto, se eu não trabalhar, eu não como. E quanto tempo eu vou ficar assim, sem nenhuma renda, sem nenhum respaldo, sem nenhum cuidado médico, esperando o dia que eles resolverem lembrar que eu existo e fazer alguma coisa? Eu ganho por entrega que eu faço, não tenho nada fixo”, questionou ela, que alugava a moto para trabalhar.

A motociclista queixou-se que o ator não quis saber dela: “O Lima Duarte nem se preocupou em saber em qual hospital eu estava, não se importou em nenhum momento se eu precisar de alguma ajuda ou não. Não deixou nenhum contato nem falou comigo. Só na hora que ele parou o carro, ele falou assim: ‘Calma, menina, calma’. Depois, ele nem olhou mais pra minha cara. Quando eu fui policial, ele queria xeretar o que eu estava falando, com medo de eu falar alguma coisa. Ele ficou falando pro policial que eu tinha entrado com a moto na frente dele. Do jeito que eu fui atingida, claramente, fui atingida pelas costas, por trás. Eu nem vi ele vindo”, afirmou Simone.

Ela contou, também, que reconheceu Lima Duarte na hora, mas mesmo se não reconhecesse, ele ficou posando com as pessoas enquanto ela esperava atendimento: “Eu não consegui falar com ele porque eu estava com os ossos quebrado. Eu fiquei caída no chão. Mas não tinha nem como não reconhecer porque todo mundo ficou tirando foto com ele, inclusive os bombeiros que foram me socorrer. Eles me ajudaram, colocaram no carro, mas eu estava na maca e, ao invés de já seguir pro hospital, eles estavam lá tirando foto. Tiraram foto depois entraram no carro pra me trazer pro hospital. Eles todos na sombrinha lá, conversando, trocando ideia e eu deitada, embaixo do sol”, relatou.

A vítima contou que esperava mais atenção por parte de Lima Duarte: “Esperava era que eu fosse procurada, né? Quando eu viesse pro hospital, que ele se importasse pra saber o meu estado, o que realmente aconteceu comigo, se eu estava em estado de perigo de vida ou não, se eu precisasse de alguma ajuda, como estou precisando. Porque eu tô aqui no hospital público, sem data prevista pra operar. E, outra, e o pós-operatório? Porque essas feridas que ele me provocou, eu vou ficar um bom tempo de cama. E como que eu vou arcar com a minha dívida mensal, como que eu vou sustentar minha casa sem ter nenhuma renda? Ele não se preocupou em nada, em me procurar ou mandar alguém me procurar aqui pra saber minha situação, pra me dar um apoio. Afinal de contas, ele que me machucou e eu vou ficar sem trabalhar, passando necessidade, por conta desses ferimentos”.

Simone afirmou que depois que sua cirurgia estiver resolvida, espera receber ajuda de Lima Duarte: “Vou precisar de ajuda. A minha profissão é motoqueira, eu não tenho outro jeito de ganhar o meu pão. Eu estava saudável, tava ganhando o meu dinheiro. Naquele dia, eu já tinha feito minhas entregas e tava indo pra casa com o meu dinheirinho, toda feliz que eu terminei antes do horário. E, agora, cada dia que passo parada, eu estou sem fazer o dinheiro que eu sempre fazia, todo dia. Eu tirava, em média, R$ 1 mil ou R$ 1,2 mil por semana. Se eu ficar em casa dois meses, são oito semanas. Pô, faz a conta o quanto eu tô deixando de ganhar. E as minhas contas não vão parar de chegar. Eu preciso, sim, de ajuda até eu me recuperar e voltar a trabalhar. Eu não tenho registro, não tenho nada”.

Procurado pela coluna, Lima Duarte se pronunciou através de nota: “Gostaria de esclarecer que no dia 01 de março, enquanto dirigia meu carro, fui envolvido em um acidente com uma motocicleta. Após a colisão, imediatamente, prestei os devidos socorros à motociclista e aguardei a chegada da polícia. A minha prioridade foi garantir que a motociclista recebesse a assistência necessária e que a situação fosse tratada com a maior seriedade possível”, afirmou o ator, através de nota oficial.

E, seguida, o texto continuou: “Gostaria de destacar que sou um motorista consciente e responsável, como foi o caso! Sempre procuro respeitar as leis de trânsito e priorizar a segurança no tráfego. Lamento profundamente pelo ocorrido e estou disponível para ajudar nas apurações e prestar esclarecimentos adicionais, caso necessário”, encerrou o comunicado.