Em 1992, a atriz Fernanda Torres participou do programa Roda Viva, da TV Cultura. Mais de 30 anos depois da entrevista, um trecho polêmico da sabatina não deixou de circular nas redes sociais. “Você tem algum preconceito?“, perguntou Serginho Groisman. Sem hesitar, a filha de Fernanda Montenegro, que na época estava com 26 anos, logo respondeu em meio a risadas: “Contra crente“. Neste momento, algum dos entrevistadores questionou se seria uma aversão à religião. Fernanda, portanto, negou.
Em seguida, Fernanda Torres explicou seu posicionamento sobre homens e mulheres que seguem tradições cristãs. Durante sua fala, aliás, a atriz focou em evangélicos, religiosos que, ao contrário de católicos, não acreditam no Papa como representante de Deus na Terra: “Não, crente ingênuo, crente na vida, gente que acredita no bem, no mal, na missão, na verdade, que a vida não é dialética. Eu tenho pena quando um cara é tão crente na vida a esse ponto… Acho que ele vai apanhar muito“.
Fernanda Torres no Roda Viva
Nesta segunda-feira (8), Fernanda Torres participou do primeiro programa inédito de 2024 do Roda Viva. A atriz, falou de toda sua premiada carreira e também não fugiu das polêmicas. Durante a conversa com a bancada entrevistadora, Fernanda relembrou a fala sobre evangélicos e aproveitou a oportunidade para mostrar que pensa diferente. Ao citar o trecho polêmico que circula pelas redes sociais até hoje, Fernanda Torres mudou um pouco o discurso quanto às tradições evangélicas.
“Jamais repetiria isso hoje“, introduziu a atriz. Em seguida, ela acrescentou: “Os evangélicos ocuparam um lugar que o estado não ocupou“. Contudo, Fernanda também não deixou de frisar seu posicionamento sobre o racismo religioso, já que a Umbanda, o Candomblé e inúmeras outras crenças afro-brasileiras são perseguidas principalmente por evangélicos. Depois, portanto, ela concluiu: “Eu acho triste que demonizam as religiões de matriz africana, acho triste isso no Brasil. Eu lutaria por um culto evangélico que fosse sincretista“.
Denuncie
O racismo religioso é uma violação grave dos direitos humanos. No Brasil, fiéis de religiões de matriz africana são diariamente alvo de ataques — morais e, até mesmo, físicos. Se você foi vítima desse tipo de discriminação, é crucial buscar apoio e denunciar para que a justiça seja feita. Por isso, confira abaixo organizações e autoridades que podem ajudar a combater e prevenir o racismo religioso:
1. Disque 100 (Brasil)
- O Disque 100 é um serviço nacional de denúncias que abrange diversos tipos de violações, incluindo racismo religioso. Ligue gratuitamente para registrar sua queixa.
2. Ministério Público (MP)
- Procure o Ministério Público de sua região para reportar casos de intolerância religiosa. Eles têm a responsabilidade de investigar e tomar medidas legais.
3. Polícia Civil e Polícia Militar
- Entre em contato com as autoridades policiais locais para registrar um boletim de ocorrência. Isso é fundamental para iniciar investigações e processos judiciais.
4. Defensoria Pública
- A Defensoria Pública oferece assistência jurídica gratuita. Busque a unidade mais próxima para receber apoio legal na defesa de seus direitos.
5. Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
- A OAB possui uma comissão específica para tratar de questões relacionadas aos direitos humanos. Contate-os para obter orientação jurídica.
6. ONGs de Direitos Humanos e Religiosos
- Organizações não governamentais, como a Anistia Internacional e a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, podem oferecer suporte emocional, jurídico e encaminhamento adequado.
A denúncia é um passo crucial para combater o racismo religioso e garantir que as vítimas recebam a justiça que merecem. Ninguém deve ser alvo de discriminação por causa de sua fé.