Pelas redes sociais, milhares de pessoas estão falando sobre a primeira Marcha Para Exú, que acontecerá na Avenida Paulista, no dia 13 de agosto. As publicações se dividem em apoio e, também, argumentos contra o evento. Aliás, até mesmo alguns adeptos de religiões de matrizes africanas se mostram contrários à ação. Isso porque estão alegando que Jonathan Pires, influenciador digital que organiza o projeto, seria apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo os religiosos, o fato do empresário ser umbandista e bolsonarista é algo contraditório.
Após a repercussão do projeto entre a comunidade de terreiro, o print de uma suposta publicação feita por Jonathan em apoio ao ex-chefe do Poder Executivo circulou pela web. Em seguida, o coletivo Umbanda de Verdade divulgou uma nota contrária à Marcha Para Exu. No texto, o grupo alega que o organizador do evento é apoiador do ex-presidente da república Jair Bolsonaro. “Não sabemos quais são os reais interesses que estão por trás desse movimento, uma vez que as ideologias bolsonaristas são incompatíveis com os valores umbandistas ou de qualquer outra religião de matriz africana“, afirma o texto.
Capitão Silva Rosa
Outra crítica à Marcha Para Exú feita por alguns religiosos foi referente à confirmação da presença de André da Silva Rosa, capitão da PM que comandou pelotões da Rota apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. “O capitão da ROTA que está sendo convidado para participar da ‘Marcha Para Exu’ fez campanha para o mesmo Bolsonaro que comparou quilombolas a animais. É um escárnio com a memória de tantos ancestrais nossos que foram assassinados pelos aparatos repressivos desse país“, escreveu um internauta.
A coluna Gabriel Sorrentino – EM OFF questionou Jonathan Pires sobre as acusações feitas pelos religiosos. O empresário, por sua vez, disse que a publicação em apoio a Bolsonaro é mentirosa e alega que não tem “envolvimento político”. Além disso, o influenciador diz que identificou o autor das publicações no Instagram e irá processá-lo. “Não existe essa postagem, não tem nada a ver com a Marcha Para Exú. Acredito eu que você não encontrou uma publicação, você encontrou pessoas fazendo alvoroço com a minha imagem. Normal, pô. Tão fazendo com o Lula, tão fazendo com o Bolsonaro. Estão tentando queimar de alguma maneira. Não tenho envolvimento político, minha palavra não faz curva. Povo quer de qualquer jeito tentar me desestabilizar. Meu foco é foco“, explica
Premissas do evento
O criador da plataforma de conteúdo Maria Padilha – que apenas no Facebook possui mais de um milhão de seguidores -, conta que a ideia de criar a ação surgiu de denúncias de intolerância religiosa. “Decidi fazer a Marcha Para Exu e pessoas deram as mãos. Essa marcha não tem envolvimento político, ela não tem patrocinador nem apoiador. Isso também foi uma das formas que deu mais forças à marcha. O que as pessoas estão acostumadas, qualquer movimento que é feito, ter envolvimento político, ter envolvimento financeiro, alguém ganhando de algum lado“, explica o influenciador, que alega estar arcando com todos os gastos do evento.
Para Jonathan Pires, portanto, um dos maiores desafios está sendo a burocracia. “Falar que vivemos num país laico é fácil, falar que no nosso país existe leis também é fácil, mas isso na prática não existe. A Marcha Para Exú está sendo um dos maiores desafios já feitos na minha vida. Até como empresário eu nunca sofri tanto pra fazer algo na minha vida como estou fazendo a Marcha Para Exú. Se tivesse envolvimento político seria mais fácil, né? Tudo seria ‘desburocrático’, né? E graças a Exu, portanto, toda a documentação está em mãos, [a marcha está] autorizadíssima para acontecer“, dispara o influenciador.
Exu não é demônio
Além de tudo, Jonathan Pires aproveita para reforçar que Exu não é o diabo cristão. “É uma manifestação pacífica em prol da luta contra a intolerância religiosa e principalmente contra a intolerância que as pessoas têm por Exu. O mundo acha que Exu é o capeta, é o demônio e nós que somos da religião sabemos que não é“, argumenta Jonathan Pires. Em seguida, ele continua a defender a divindade iorubá: “A gente quer mostrar pras pessoas que Exu não é isso, não é algo do mal, Exu é vida, isso é amor, é respeito. Exu é o mundo, né? É tudo aquilo que a gente ouve, tudo que aquilo que a gente vê. Exu é a comunicação“, conclui.