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Caso Faustão: como funciona a fila de transplante de órgãos do SUS

Exemplo de Faustão traz curiosidade sobre o sistema de doação e transplantes no Brasil

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Hanna Carvalho, Repórter do EM OFF

O apresentador Fausto Silva, o Faustão, foi submetido a um transplante de fígado seguido por um retransplante renal entre quarta e quinta-feira na última semana. A colunista Keila Jimenez, do Hoje em Dia, informou que ambos os órgãos foram doados por um familiar próximo e que os procedimentos foram realizados em dias distintos — uma opção planejada no Brasil, apesar da chance inicial de realizá-los nos Estados Unidos.

No Brasil, todo transplantado entra automaticamente em uma fila única, coordenada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), vinculado ao Ministério da Saúde. A distribuição de órgãos não faz distinção entre SUS e rede privada — todos disputam na mesma lista, com prioridades técnicas rigorosamente definidas.

Quais são os critérios para ser atendido em primeiro lugar?

A seleção dos pacientes na lista de transplante leva em conta uma série de fatores:

  • Gravidade clínica do paciente, como insuficiência hepática aguda ou falência renal;
  • Compatibilidade com o doador, incluindo tipo sanguíneo, peso, altura e compatibilidade genética;
  • Tempo de espera na lista, usado como critério de desempate entre casos com perfis semelhantes;
  • Casos críticos, que podem incluir prioridade quando há risco iminente de morte.

Faustão, que já havia passado por transplantes de coração em 2023 e de rim em 2024, recebeu prioridade técnica no fígado por sofrer de falência hepática após essas intervenções anteriores.

O país e a fila

  • Cerca de 60 mil pessoas aguardam por um órgão no Brasil atualmente; mais de 2 mil exclusivamente por transplante de fígado.
  • O país é referência mundial em transplantes pelo sistema público, com mais de 30 mil procedimentos realizados em 2024 — e taxa de sucesso que ultrapassa os 80% no primeiro ano para transplantes hepáticos.

O caso de Faustão e o sistema

No caso dele, o uso de um único doador para ambos os órgãos aumenta as chances de compatibilidade. A Central Estadual de Transplantes foi acionada assim que surgiram órgãos viáveis, e todo o processo aconteceu dentro das normas do SNT — sem privilégios, mesmo para uma figura pública. A opção de realizar os procedimentos no Brasil, mesmo diante da ofensiva médica nos EUA, reforça a capacidade técnica e confiança nos centros especializados do país.