Um dos maiores jornalistas do país, William Bonner, que nos dá boa noite há décadas, está deixando a bancada do Jornal Nacional, que é, sem dúvidas, a mais desejada do mundo jornalístico. Pode ser considerada uma “cadeira papal”. A influência que se ganha é imensurável. Mas como essa sucessão foi definida?
Antes de qualquer coisa, Evaristo Costa nunca foi cogitado. O motivo é simples, na época em que ele estava na Globo ainda não se discutia isso. Tudo se iniciou entre 2018 e 2019, quando um jornalista em ascensão, vindo da GloboNews, começou a ser “preparado” para seguir os caminhos de William Bonner. Jovem, carismático e de fácil relacionamento, Dony De Nuccio estava na linha de sucessão papal.

A lógica era simples, quem ocupava a cadeira do Jornal Hoje tinha maiores chances de seguir os passos de Bonner. Até que Dony foi desligado da Globo após uma denúncia “anônima”. O jornalista, então com 35 anos, demitiu-se por conta da revelação feita pelo portal Notícias da TV (marque bem o nome deste site) de que sua empresa, em sociedade com o recém-dispensado comentarista econômico do canal, Samy Dana, tinha contratos milionários de prestação de serviços de comunicação para o Bradesco. Tal ligação era proibida pela Globo.

Na época, César Tralli e Rodrigo Bocardi foram cogitados para assumir o lugar. O público não sabia, mas Dony foi vítima do “conclave” que já estava em andamento. Contrariando a expectativa de Tralli e Bocardi, a Globo decidiu que o jornal seria apresentado apenas por uma pessoa. A escolhida foi Maju Coutinho, que teve ascensão meteórica na emissora. Porém, o Notícias da TV (lembra?) passou a publicar reportagens quase diárias contra Maju. As matérias negativas eram consideradas agressivas pelos internautas na época e apontadas como uma clara campanha contra a jornalista. O mesmo site que revelou a sociedade de Dony, que culminou em sua saída, atacava todos que caminhavam para a sucessão do JN. Menos Tralli. O EM OFF acredita que isso é apenas uma coincidência.

A campanha contra Maju foi fomentada também por outros sites, criando um efeito dominó. Então, ela foi promovida para o Fantástico, deixando novamente o espaço do Jornal Hoje entre Tralli e Rodrigo Bocardi. Quem venceu foi Tralli. E não se engane, Bocardi era um dos preferidos pelo tempo de casa, idade e por ser bem conhecido do público paulista, já que há anos dava “bom dia” em São Paulo.

A Globo, então, ficou entre Tralli e Bocardi para seguir nessa direção. A idade era um fator importante, já que uma troca no principal jornal do país causa impacto. Bocardi estava vencendo o conclave, mas, de maneira súbita, foi demitido após uma denúncia anônima no “compliance” da Globo. Até hoje não foi esclarecido o que de fato aconteceu. E lá se foi Rodrigo Bocardi. O espaço ficou livre e limpo para que César Tralli fosse eleito o novo “papa”. Tralli é muito querido pelos amigos, mas também é conhecido por ser implacável na carreira.