Quem fala o que quer...

Ana Paula Valadão é acusada de homofobia pelo Ministério Público

MPF ajuizou ação civil pública contra a pastora por discurso de ódio contra homossexuais e portadores de HIV

Aline Torres
Repórter do EM OFF

A cantora e pastora Ana Paula Valadão está sendo acusada por homofobia pelo Ministério Público Federal após proferir discurso de ódio contra homossexuais e portadores de HIV. O MPF pede que a cantora pague indenização por danos morais coletivos, já que afeta um número indeterminado de pessoas.

“Taí a AIDS para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres, enfim… Não é o ideal de Deus”, disse. “Sabe qual é o sexo seguro? Que não transmite doença nenhuma? O sexo seguro se chama: aliança do casamento”.

A fala polêmica da pastora foi proferido na transmissão do congresso “Na Terra Como no Céu”, em 2016 na rede Super de Televisão. Em seu discuso, Ana Paula responsabiliza os relacionamentos homoafetivos pelo surgimento e propagação da Aids.

Segundo o portal Metrópoles, o MPF alega que o discuso da pastora influencia um número indeterminado de pessoas pelo conteúdo, principalmente pelo conteúdo espalhado nas redes sociais, resultando em muita difusão. Por isso, ajuizou uma ação civil pública (ACP) contra Ana Paula.

“Responsabilizar ‘os homens que fazem sexo com homens’ pelo surgimento e propagação da Aids reforça o tom hostil e preconceituoso da fala, desrespeitando direitos fundamentais decorrentes da dignidade da pessoa humana dessa coletividade. A soma de todos esses elementos evidencia a inegável ocorrência de discurso de ódio”, disseram os procuradores responsáveis pela denúncia.

O MPF ainda frisou de que esse pensamento de acreditar que a AIDS é uma “doença/câncer/peste gay/castigo de Deus”, é comumente relacionada à década de 1980, quando havia falta de informação sobre a doença e o vírus.

Ao ser questionada pelo MPF, Ana Paula afirmou que “a fala encontrava-se amparada no exercício da liberdade religiosa e que foi mal interpretada” e ainda disse haver um contexto religioso. “Durante um culto para público determinado, e a transmissão se deu por um canal igualmente para uma audiência de fiéis“.

No entanto, a cantora será responsabilizada pelas falas de ódio e a emissora pela propagação do discurso. O Ministério Público ainda afirmou que ela extrapolou a liberdade religiosa.

O MPF pede à emissora responsabilizada, uma indenização de R$ 2 milhões e à Ana Paula, R$ 200 mil. Esses valores devem ser revertidos para entidades representativas de pessoas LGBTQI+ e de pessoas portadoras do vírus da AIDS.

Sair da versão mobile