A cobertura de grandes eventos esportivos geralmente leva torcedores e público espectador à um misto de sentimentos vendo seu time lutar por uma vitória ou sendo eliminado, no entanto, num evento como os jogos olímpicos, onde atletas e modalidades que muitas vezes não recebem tanto incentivo e de repente tem a oportunidade de se tornarem conhecidos em todo o mundo, fazem os próprios atletas sofrerem esse misto de emoções, às vezes superando dificuldades que o público nem imagina.
Nesses jogos olímpicos de Paris, já ocorreram alguns casos emblemáticos, como a atleta da ginástica artística Flávia Saraiva que caiu durante o aquecimento das barras assimétricas e cortou o supercílio direito, mas mesmo assim competiu machucada e ajudou sua equipe a conquistar o bronze. Na manhã desta sexta-feira, 09, mais uma atleta brasileira, dessa vez da ginástica rítmica, sofreu uma lesão no aquecimento e teve que competir machucada.
Victória Borges sofreu uma lesão na panturrilha, mas mesmo assim entrou no tablado com as colegas, se apresentou e saiu carregada e aos prantos. Ao final da apresentação da equipe brasileira, Victória Borges foi levada para o atendimento médico, mas as suas colegas conversaram com o repórter da TV Globo Kiko Menezes, que consolou a equipe. “Primeiro de tudo eu quero dizer que vocês foram absurdamente raçudas e vocês deram um exemplo de superação para o Brasil hoje. Foi muito bonito o papel que vocês fizeram”, disse o repórter às atletas que estavam aos prantos.
Muito emocionada a atleta Duda, líder do conjunto, junto com as outras ginastas Deborah Medrado, Nicole Pírcio e Sofia Madeira, também aos prantos falaram sobre a lesão de Victória Borges e da superação da atleta que escolheu se apresentar mesmo sentindo muita dor. “A gente queria entrar em quadra para, pelo menos, finalizar a competição, porque a gente trabalhou muito, a gente entregou muito nas mãos de Deus”.
A atleta parabenizou a força de Victória em entrar no tablado com a contusão, que foi sentida momentos antes da competição. “Ela foi muito guerreira, mesmo sentindo muita dor. Hoje era isso que ela tinha para dar. A gente tentou se unir pra fazer o melhor que a gente podia nesse momento. A gente sabe que atleta está sujeito a esse tipo de coisa, mas ninguém quer, ninguém tá preparado para que seja dez minutos antes de entrar na quadra. Desculpa. A gente deu nosso melhor, nosso máximo, nosso sangue, e a gente não tá falando só daqui, estamos falando de anos de trabalho”, completou.
Mesmo com a apresentação limitada pela lesão de Victória Borges, a equipe brasileira estava se classificando à final da disputa até que a equipe de Israel superou a nota do Brasil. Com isso, a equipe brasileira terminou a competição em nono lugar, mas os momentos de emoção e superação ficarão marcados. O próprio repórter Kiko Menezes, ressaltou que esse foi, talvez, o momento mais emocionante dos jogos olímpicos. “O que a gente acabou de presenciar aqui agora foi um dos momentos mais emocionantes, foi um exemplo de superação, foi um exemplo de resiliência, foi um exemplo de amor ao esporte, foi um exemplo de amor ao trabalho vindo da ginasta brasileira Victória Borges”.