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MC Poze lança clipe com críticas à polícia e cenas da prisão

Clipe lançado após a soltura de MC Poze do Rodo levanta debate sobre racismo, criminalização de artistas periféricos e o uso da arte como resposta à repressão policial

Doralice Soriano, Repórter do EM OFF

Após ser preso por suspeita de apologia ao crime e ligação com o Comando Vermelho, MC Poze do Rodo ganhou destaque nas redes sociais e na imprensa. Um dia após deixar o presídio de Bangu 3, no Complexo de Gericinó (RJ), o cantor lançou o clipe “Desabafo 2”. O vídeo foi publicado na noite de quarta-feira (4) e traz imagens reais de sua saída da prisão. A produção mostra a recepção de fãs do lado de fora e momentos de tensão com a polícia. A iniciativa gerou grande repercussão nas redes.

O clipe, que já acumula mais de 1,2 milhão de visualizações no YouTube, mistura cenas emocionantes com críticas sociais. Nas imagens, Poze aparece ao lado da esposa, Vivi Noronha, ao deixar a prisão. O início do vídeo exibe uma mensagem que denuncia o preconceito racial: “A cor da pele e o local de origem ainda definem como a polícia enxerga quem só quer viver do próprio talento”. Trechos da música também mencionam a abordagem policial. O artista afirma que sua renda vem do trabalho como cantor.

Em outro momento, Poze declara: “Eu tive minha luta, fui atrás, corri para construir meu castelo. Não é com dinheiro errado, é com o meu show”. O vídeo também mostra a prisão do funkeiro no dia 29 de maio, em casa, no Rio de Janeiro. No trecho da canção, ele canta: “Na sexta-feira a polícia veio na minha porta me interrogar / Querendo saber quantos quilos de ouro eu tenho, mano, vai lá”. A produção é considerada uma continuação de “Desabafo 1”, lançado em 2023. O foco segue sendo a crítica às acusações e à perseguição.

MC Poze foi solto na terça-feira (3), após cinco dias preso, por decisão de habeas corpus com medidas cautelares. Em liberdade, criticou o tratamento da polícia: “Sou trabalhador e artista, e a recepção foi spray de pimenta e tiro de borracha na cara. Eu que sou bandido?”. O cantor é investigado por apologia ao crime e possível envolvimento com o tráfico. A Polícia Civil aponta que um show realizado no dia 19 de maio, na Cidade de Deus, teria segurança feita por membros do Comando Vermelho. Vivi Noronha também passou a ser investigada por lavagem de dinheiro.