Às 16h (horário de Brasília) desta quarta-feira (07/05), a fumaça preta que saiu pela chaminé da Capela Sistina sinalizou que os 133 cardeais reunidos em conclave ainda não chegaram a um consenso sobre quem será o próximo Papa, sucessor de Francisco. Com isso, o ritual do conclave segue seu curso: a partir de quinta-feira, serão realizadas quatro votações diárias — duas pela manhã e duas à tarde — com previsão de fumaça visível apenas uma vez por turno, entre 5h30 e 7h e entre 12h30 e 14h. Caso o impasse se estenda por mais de três dias, o processo é suspenso temporariamente para um dia de orações.
Durante o conclave, cada cardeal escreve manualmente — com a caligrafia mais irreconhecível possível — o nome do candidato escolhido em uma cédula com a frase “Eligo in Summum Pontificem” (“Elejo como Sumo Pontífice”). Um a um, eles se dirigem ao altar, seguram a cédula visivelmente e juram em voz alta, em latim, que estão votando com consciência e fé. Em seguida, depositam seus votos em uma urna diante dos escrutinadores.
Segundo o portal de apostas Polymarket, o italiano Pietro Parolin lidera as projeções, com 30% de chances de ser eleito Papa, seguido pelo filipino Luis Antonio Tagle (19%), pelo italiano Matteo Zuppi (11%), por Pierbattista Pizzaballa (9%) e pelo ganês Peter Turkson (8%). Nos conclaves anteriores, que elegeram Bento XVI e Francisco, o resultado saiu em dois dias. Estima-se que o atual não ultrapasse cinco dias.
A famosa fumaça, que sinaliza aos fiéis o andamento da eleição, é resultado da queima das cédulas de votação em um fogareiro especial instalado na Capela Sistina. Desde 2005, um segundo fogão é usado exclusivamente para produzir a fumaça colorida: branca quando um Papa é eleito, preta quando não há consenso. Os compostos químicos usados para gerar as cores foram revelados pelo Vaticano em 2013. A fumaça preta é feita com perclorato de potássio, antraceno e enxofre; a branca, com clorato de potássio, açúcar de leite e breu de pinho. Ambos os fogões liberam a fumaça por um tubo de cobre que se estende até o teto da capela, de onde é visível para a multidão na Praça de São Pedro.
Antes de se trancarem na Capela Sistina, os cardeais prestaram juramento diante do afresco “Juízo Final”, de Michelangelo, prometendo seguir estritamente as regras do conclave. Com o tradicional anúncio em latim “extra omnes” (“todos fora”), a clausura foi oficializada. A oração final, conduzida por Pietro Parolin, invocou o Espírito Santo, cuja presença é, segundo a tradição cristã, fundamental para que a escolha do novo líder da Igreja não seja guiada por falhas humanas, mas por inspiração divina.