Entre maio de 2024 e maio de 2025, o Piauí registrou 2.386 nascimentos sem o nome do pai na certidão. Isso significa que, a cada quatro horas, uma criança chega ao mundo sem o reconhecimento paterno. Os dados são do Portal da Transparência do Registro Civil.
O número escancara um problema antigo: o abandono paterno. Em todo o estado, 7% dos bebês registrados no período analisado não tiveram o nome do pai incluído. Em alguns municípios, como Guadalupe, esse índice sobe para 19%.
A ausência na certidão é apenas o primeiro sinal de uma responsabilidade que muitos homens ainda se negam a assumir. Na prática, a falta de reconhecimento costuma vir acompanhada da ausência afetiva, financeira e até mesmo social.
Especialistas apontam que o cenário reflete uma cultura que ainda normaliza o pai ausente e sobrecarrega a mãe, que arca sozinha com as tarefas e os custos da criação. O abandono paterno, apesar de silencioso, é estrutural — e tem consequências profundas para crianças e famílias inteiras.