A Polícia Federal apreendeu R$ 1,5 milhão em espécie com um homem que havia acabado de sacar o dinheiro em uma agência bancária dentro de um shopping em Teresina na última quinta-feira, 12. De acordo com a PF, dentro do veículo estava um motorista que acompanhava o homem que retirou o dinheiro do banco. No carro, foram encontrados alguns panfletos de um candidato a vereador.
A informação de que esse material de divulgação de um candidato a vereador foi encontrado dentro desse veículo serviu como matéria-prima para que as páginas ligadas ao candidato a prefeito de Teresina Silvio Mendes divulgassem que “milhares” de santinhos foram encontrados. Também afirmaram, sem provas, que o dinheiro pertencia ao candidato identificado no material de campanha.
Roberto Silva, candidato a vereador do partido Agir, logo foi execrado pelas páginas especializadas em divulgar fake news. O candidato teve que fazer um vídeo para informar que não tem nada a ver com a situação e que nem sequer conhece as pessoas que foram apreendidas com o dinheiro.
“Hoje a minha imagem está sendo vinculada à uma quantia de dinheiro que foi presa junto à Polícia Federal. E eu, ao chegar em casa, para descansar, o pessoal todo me ligando, perguntando o que tinha acontecido e eu, sem saber o que tava acontecendo fui olhar os portais e tava a minha imagem, porque foi encontrado um santinho dentro de um veículo. Não sei nem de quem é o veículo, não sei nem quem foi preso com esse dinheiro, mas estão vinculando minha imagem junto a eles”, pontuou Roberto Silva.
O candidato ressalta que em período de campanha circula por toda a cidade distribuindo material de divulgação de sua candidatura e que deve ter santinho seu em milhares de carros dentro de Teresina, assim como de inúmeros outros candidatos que também estão em campanha.
“Quero dizer pra vocês que eu não tenho nada a ver com isso, tenho nada a ver com isso, certo? Nada a ver com isso, quem me acompanha, sabe quem sou eu, eu não tenho vínculo nenhum ligado à pessoa, nem parente que tenha esse dinheiro, tá bom gente? Tô aqui oh, junto com a minha família e vou trabalhar mais ainda, porque a minha eleição é franciscana, é pedindo mesmo, pedindo voto, eu vou é pedir voto”.
Polícia Federal não trata como crime de natureza eleitoral
A Polícia Federal, em coletiva na noite desta quinta-feira, 12, informou que o homem que foi preso com a quantia de R$ 1,5 milhão se identificou como empresário do ramo de corretagem de veículos e afirmou que o dinheiro foi sacado de sua própria conta no banco.
De acordo com nota divulgada pela PF, a corporação agiu após receber uma denúncia sobre o transporte de vultosos valores em espécie. A suspeita da PF é de que os valores sejam oriundos de lavagem de dinheiro.
A própria delegada da Polícia Federal que participou de coletiva à imprensa na noite de quinta-feira, 12, Milena Caland, negou que a PF esteja tratando a apreensão do dinheiro como crime eleitoral. “A princípio nós não estamos tratando ainda como crime de natureza eleitoral. O que todos imaginam é que em razão da proximidade das eleições, poderia haver uma conotação eleitoral, mas não podemos afirmar de forma alguma que está acontecendo em relação à este crime. O que podemos afirmar é que os valores foram apreendidos e que a pessoa que portava estes valores não possui lastro, nem econômico e nem patrimonial, para ter uma quantia tão volumosa”, destacou a delegada.