Após reportagem

Senador vai pedir proteção a testemunhas mostradas no ‘Profissão Repórter’

Segundo Humberto Costa (PT-PE), Bolsonaro se apropriou "da máquina administrativa e do aparelho estatal" para tentar vencer as eleições

Danilo Reenlsober
Repórter do EM OFF

O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da CDH (Comissão de Direitos Humanos) do Senado Federal, afirmou que vai protocolar um pedido junto ao MPF (Ministério Público Federal) e à PF (Polícia Federal) para que as testemunhas ouvidas por Caco Barcellos no “Profissão Repórter”, exibido na noite desta terça-feira (1), sejam inseridas em um programa de proteção. Duas mulheres denunciaram um suposto esquema de compra de votos.

Durante a reportagem no município de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, na fronteira do Brasil com o Paraguai, o jornalista da TV Globo flagrou um suposto esquema de compra de votos por parte do prefeito Rudi Paetzold (MDB). Segundo moradores ouvidos por Caco Barcellos, o prefeito teria pagado R$ 50 para que beneficiários do Auxílio Brasil votassem em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições.

“ATENÇÃO! Como presidente da CDH do Senado, vou protocolar um pedido, ao MPF e à PF, para que garanta proteção às testemunhas que apareceram na matéria do Profissão Repórter sobre a descarada compra de votos e assédio eleitoral em Coronel Sapucaia (MS)”, escreveu o senador petista Humberto Costa em seu perfil no Twitter na tarde desta quarta-feira (2).

“A cada dia, fica mais evidente que essas eleições foram, sim, fraudadas. Por Jair Bolsonaro e sua quadrilha. Que se apropriaram da máquina administrativa e do aparelho estatal para garantir a vitória nas urnas, que o povo brasileiro, de maneira soberana, negou a esses bandidos”, ressaltou o senador.

Após a exibição da reportagem no “Profissão Repórter”, muitos internautas usaram as redes sociais para elogiar a coragem das duas moradoras de Coronel Sapucaia, que denunciaram o suposto esquema de compra de votos. Eles também ficaram preocupados com a segurança das duas. “Desde que vi a reportagem estou preocupada com essas mulheres, seria importante alguém garantir essa proteção”, disse uma internauta.

Entenda

O jornalista Caco Barcellos, que lidera a equipe do “Profissão Repórter”, da TV Globo, flagrou um esquema de suposto de assédio eleitoral e compra de votos durante a gravação de uma reportagem no município de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, na fronteira do Brasil com o Paraguai. O profissional também foi alvo de ameaças e orientado por um morador a “deixar a cidade”.

A equipe do programa da Globo foi até o município para fazer um perfil do eleitor local. Enquanto andava pela cidade para conversar com moradores sobre sua intenção de voto, Caco Barcellos se deparou com uma reunião organizada pela prefeitura com beneficiários do Auxílio Brasil. Uma moradora, no entanto, afirmou à reportagem que os encontros tinham relação política e que os beneficiários recebiam R$ 50 reais para votar em Jair Bolsonaro.

Outra moradora da cidade reforçou os motivos eleitoreiros das reuniões. “Eu fui. Chegamos lá; eles, sinceramente, falaram sobre o Auxílio Brasil, porém a parte foi só sobre política. Que teria que votar no 22, porque senão, no caso, não teria mais verba para vir para cá, né? Aí pararia com tudo: pararia de fazer o asfalto, as escolas”, disse.

Ela continuou. “Você chega lá, se você está precisando… Vamos supor: você precisa para sobreviver o auxílio e o vale renda, você muda seu voto na hora com medo de perder o benefício. Pediram para colocar o nome, colocar o documento, o número de celular. Porque, no caso, esses nomes iriam lá não sei para onde. Para mim, aquilo foi uma pressão sobre as pessoas. Isso é promoção do prefeito, né?”, ressaltou.

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