CASO DE JUSTIÇA

Apresentador do SBT é denunciado formalmente por ‘embolsar’ doações a crianças

Marcelo Castro foi denunciado junto a outras 12 pessoas devido ao "escândalo do Pix", que desviava dinheiro de doações

Hanna Carvalho
Repórter do EM OFF

Nesta última sexta-feira (9), foi protocolada uma denúncia pelo Ministério Público da Bahia envolvendo 12 pessoas no “escândalo do Pix”, que desviava dinheiro de doações feitas no programa Balanço Geral Bahia, da Record Bahia, até o ano passado. As informações são do jornal F5.

De acordo com o MP-BA, os líderes da operação seriam Marcelo Castro, hoje apresentador da TV Aratu, afiliada do SBT no estado baiano, e Jamerson Oliveira, ex-editor da Record Bahia, e que agora trabalha com Castro no SBT local. A defesa dos acusados diz que o caso corre em segredo de Justiça e que eles não irão se pronunciar no momento.

O comunicador e seu aliado, irão responder pelas acusações de associação criminosa e apropriação irregular. As investigações identificaram a atuação do grupo entre 2022 e 2023, por um ano e cinco meses. Dentro desse período, eles teriam arrecadado mais de R$ 540 mil em doações e se apropriado de 75% do montante, cerca de R$ 410 mil. Apenas R$ 135,9 mil foram devidamente repassados às vítimas que tinham seus dramas pessoais expostos na versão baiana do Balanço Geral.

O Ministério Público aponta que “o grupo, de forma consciente e devidamente ajustada”, se uniu para cometer crimes contra pessoas em estado de vulnerabilidade social e que precisavam de ajuda para resolver problemas graves de saúde ou de falta de estrutura. O grupo arrecadava as doações e destinava às vítimas a menor parte do volume arrecadado por meio de chaves pix exibidas na tela do programa da Record.

Ao fim de cada programa, os valores arrecadados eram distribuídos a partir das contas que recepcionavam as doações, por seus respectivos titulares, e conforme as orientações dos líderes do grupo, que ficavam com a maior parte do dinheiro. Além disso, de acordo com as investigações, os denunciados, para ocultar a origem ilícita dos valores apropriados das doações que se destinavam às vítimas, realizaram diversas movimentações fragmentadas e atípicas, as quais configuram o crime de lavagem e ocultação de valores.

Esquema descoberto

O suposto esquema foi descoberto em março de 2023, após o jogador de futebol baiano Anderson Talisca, atualmente no Al-Nassr, decidir fazer uma doação de R$ 70 mil após assistir uma reportagem. O dinheiro seria doado para a família do menino Guilherme, de 1 ano, que fazia um tratamento de câncer e precisava de dinheiro para comprar um medicamento para tratamento dos tumores.

Em contato com Marcelo Castro, contudo, um assessor do jogador constou que o número do Pix repassado para doação – que pertencia a uma pessoa da família da criança– não era o mesmo que apareceu na televisão durante a exibição da reportagem.

O caso acendeu o alerta da emissora, que instaurou um procedimento interno e protocolou uma notícia-crime para que o caso fosse investigado pela polícia. Dias depois, a Record Bahia demitiu Marcelo Castro e Jamerson Oliveira. A criança mostrada na reportagem morreu semanas depois da exibição do jornalístico.