ExclusivoProcesso de ‘showmício’ de Daniela Mercury ganha novos desdobramentos

Cantora se apresentou no dia 1º de maio em um evento cultural em São Paulo

Fábia Oliveira
Colunista do EM OFF

Após um longo período de discussões em juízo, a Prefeitura do Município de São Paulo suspendeu o pagamento do cachê de R$ 100 mil de Daniela Mercury, que foi pago com dinheiro público. A quantia é referente a um show da cantora em apoio ao, na época ainda ex-presidente Lula, que aconteceu no dia 1º de maio, na Praça Charles Miller, no bairro Pacaembu.

Em um primeiro momento, a Justiça entendeu por bem pela suspensão do cachê da artista até que toda a questão tenha passado pelo processo de apuração e análise. Em momento posterior foi analisado também se Daniela Mercury deveria ou não arcar com uma multa em decorrência dos fatos.

Após uma análise minuciosa acerca da realização do showmício e dos desdobramentos, a Prefeitura do Município de São Paulo entendeu que estaria extinta a obrigação da aplicação de multa. Isto é, a própria cantora abriu mão do cachê, e não foi submetida ao pagamento de qualquer valor por ter manifestado posicionamento político durante a realização de seu show.

A decisão da prefeitura, no entanto, não foi nem um pouco bem recebida pela parte autora da ação. Segundo o advogado Arthur Hermógenes Sampaio Júnior, a não aplicação da multa apenas serviria para demonstrar o descaso com a moralidade pública e com o uso de recursos públicos.

Entenda o caso

O advogado Arthur Hermogenes Sampaio Júnior entrou com uma ação contra Daniela Mercury após o show que ela fez, em um evento supostamente cultural promovido por centrais sindicais e figuras políticas, em São Paulo. Entre tais figuras estariam Luiz Inácio Lula da Silva e Guilherme Boulos.

Ocorre que o evento, que deveria ter caráter cultural, se tornou uma verdadeira campanha eleitoral antecipada. O cachê recebido por Daniela Mercury para realização do espetáculo seria de R$ 100 mil. Segundo a deputada federal Bia Kicis e o deputado estadual Douglas Garcia, o evento teria sido financiado por verbas dos cofres públicos, ou seja, recursos da Secretaria Municipal de Cultura.

Diante disso, foi formulado um pedido liminar para suspender o pagamento do volumoso cachê destinado à Daniela e um pedido de esclarecimentos de todos os detalhes da contratação realizada.

O Ministério Público se manifestou no dia 11 de maio de 2022, informando que o pedido formulado havia sido negado. Em sua decisão, o MP argumentou que não teria sido juntada uma prova legível da contratação do show de Daniela Mercury pela Prefeitura de São Paulo. O MP entendeu que não precisaria intervir, uma vez que supostamente a Prefeitura de São Paulo já teria suspendido o pagamento do cachê da artista, por meio de investigação de sua Controladoria Geral do Município (CGM). Desta forma, foi solicitado que o Município de São Paulo preste esclarecimentos acerca do procedimento instaurado pela Controladoria Geral, para saber se, de fato, já houve ou não a suspensão do pagamento da cantora.

Além disso, o Ministério Público pediu esclarecimentos à Prefeitura se houve um pronunciamento de Daniela Mercury solicitando o cancelamento do contrato e do pagamento pelo show que realizou. A solicitação do órgão foi necessária após começar a circular a informação de que a empresa que representa Daniela Mercury teria enviado um ofício à Secretaria Municipal de Cultura, pedindo o cancelamento do contrato e do pagamento.

Seis dias antes de o MP se manifestar na ação, a assessoria de Daniela Mercury já havia emitido um comunicado negando que o show tenha sido contratado pela prefeitura e afirmando que o acerto da performance ocorreu através da produtora MGioria Comunicações.

Disse ainda que o valor do cachê foi quitado integralmente pela MGioria e que a artista não recebeu e nem receberá nenhum recurso da prefeitura. Apesar da negativa de que a cantora teria se beneficiado de dinheiro público, o pagamento do cachê de Daniela à produtora MGioria Comunicações consta no Diário Oficial do município.

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