O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu desculpas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por tê-lo acusado de envolvimento em suposta fraude eleitoral durante as eleições de 2022. A retratação ocorreu nesta terça-feira (10/6), durante depoimento no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder.
Na audiência, Moraes confrontou Bolsonaro sobre as declarações feitas em uma reunião com embaixadores, na qual o ex-presidente afirmou que “algo de esquisito” estava acontecendo no Brasil e que não se tratava apenas de uma eleição, mas da “possibilidade de perder a democracia”.
Segundo o magistrado, Bolsonaro chegou a acusar ele próprio, além dos ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, de terem recebido milhões de dólares em propina para fraudar o processo eleitoral. “Quais eram os indícios que o senhor tinha, que nós estaríamos levando 50 milhões, 30 milhões de dólares?”, questionou Moraes.
A resposta foi direta: “Não tenho indício nenhum”, disse Bolsonaro. “Tanto é que era uma reunião para não ser gravada, um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fossem outros ocupando (os cargos), teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe. Não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores três”, completou o ex-presidente.
Réu no inquérito do golpe
O depoimento de Bolsonaro começou às 14h30, em Brasília, como parte das investigações sobre um plano de golpe de Estado após sua derrota nas urnas. O ex-presidente é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como peça central do chamado “núcleo 1” do golpe.
De acordo com a PGR, Bolsonaro teria formulado e editado uma minuta de decreto que instauraria estado de exceção no país. Além disso, teria conhecimento do plano “Punhal Verde Amarelo”, que, segundo as investigações, previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do próprio ministro Alexandre de Moraes.
O inquérito segue sob sigilo parcial e ainda não há previsão para a conclusão.